domingo, 9 de maio de 2010

Livro "SETE SÉCULOS NO MAR (XIV a XX)"


Esta obra da autoria de José Eduardo de Sousa Felgueiras, foi apresentada pelo autor na passada 6ª feira, dia 7 de Maio, na Cooperativa Cultural de Fão.
José Felgueiras, tem sido desde sempre, um homem apaixonado pela cultura marítima e piscatória, especialmente a da sua terra, que é Esposende.
Da junção desta paixão com o seu interesse por história resultou este trabalho, editado em três volumes pelo Centro Marítimo de Esposende Forum Esposendense:

I – Notícia histórica dos Estaleiros de Esposende e Fão
II – Os Mareantes, Construtores, Fabricadores e os Armadores
III – A Construção de Embarcações


Neste estudo são abordadas em profundidade algumas questões relevantes para Fão como a peculiar orientação geográfica do Cávado no estuário (eixo Sul-Norte), as oscilações de riqueza entre Fão e Esposende ao longo do tempo, a importância de Fão na origem de Esposende, actividades comerciais marítimas, importância dos estaleiros no transporte de mercadorias, origem dos comandantes de embarcações em Fão, etc.

O autor sustentou este trabalho numa exaustiva pesquisa de documentação, que envolveu a consulta de arquivos nacionais e locais como o da Misericórdia de Fão.

Na minha opinião este trabalho ajuda a preencher uma lacuna de informação histórica que parece existir nas monografias de Fão, que normalmente abordam as suas origens até ao século XII de depois passam para séculos mais recentes e documentados.

O autor terminou a sua apresentação com a revelação de que há fortes indícios de ter partido de Fão uma armada integrada na operação militar da conquista de Lisboa, levada a cabo por D. Afonso Henriques, em parceria com uma força militar de Cruzados, que na altura se dirigia para a Terra Santa.

Foi referido que esta hipótese está a ser estudada por um grupo vários investigadores.

Este conjunto de três volumes, com preço de 40 €, está disponível para venda no Centro Marítimo de Esposende Forum Esposendense.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Praia de Fão com Bandeira Azul em 2010


Segundo adianta o JN, a praia de Fão vai ter Bandeira Azul, este ano, pertencendo assim a um total de 240 praias distinguidas com este galardão.

Segundo o presidente da Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), José Archer, este número de praias representa um aumento de 14 face ao ano transacto, 13 das quais na zona Norte, e reflecte a crescente preocupação demonstrada por todos os portugueses em preservar a orla costeira nacional.

Este dirigente referiu também que este galardão é também um elemento de estímulo à educação ambiental e está a dar os seus frutos, que se reflectem no facto de mais de 50% das praias nacionais já terem Bandeira Azul.

O Programa da Bandeira Azul da Europa iniciou-se à escala europeia, em 1987, integrada no programa do Ano Europeu do Ambiente.

As Bandeiras Azuis são atribuídas todos os anos a praias e portos de recreio. Para tal cada praias/porto candidato deve cumprir vários critérios: ambientais, conforto, segurança e informação dos utilizadores.

Parabéns a todos os que tornaram possível esta distinção à nossa praia.

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Lista de Critérios para atribuição de "Bandeira Azul"
(resumo da publicação "Guia de Interpretação dos Critérios Bandeira Azul")

– Existência de informação afixada na zona balnear (incluindo localização cartográfica) e inserida no material de divulgação (p. ex. dirigida a turistas), sobre áreas ecologicamente sensíveis (da costa, do rio, do lago), bem como sobre o comportamento a assumir nessas áreas (incluindo Áreas Protegidas) quando for o caso.

– Existência, na zona balnear, de informação actualizada sobre a qualidade da água balnear numa forma facilmente compreensível pelo público.

– Existência de informação sobre o Programa Bandeira Azul numa forma facilmente compreensível pelo público.

– Afixação na zona balnear e em todos os seus acessos das normas que regulamentam a sua utilização, bem como de um código de conduta para essa área. Esta informação deve estar também disponível nos postos de informação ao público.

– O Município e o Operador Nacional para a Bandeira Azul devem, em conjunto, assegurar a realização de, pelo menos, cinco actividades de educação ambiental, que directa ou indirectamente abordem o ambiente marinho e costeiro, fluvial ou lacustre.

– Cumprimento de todas as normas e legislação sobre a Qualidade das Águas Balneares.

Ausência absoluta de descargas de águas residuais industriais ou urbanas na área da zona balnear, assim como nas zonas envolventes que comprovadamente afectem directamente a mesma. Caso existam descargas de outras águas na zona balnear (ex. linhas de água, águas pluviais) deve ser comprovado que elas não afectam a qualidade das águas balneares.

– A comunidade em que a zona balnear se encontra integrada tem de estar de acordo com as normas e legislação relativas ao tratamento de águas residuais, designadamente com a Directiva 91/271/CEE relativa às Águas Residuais Urbanas, com a redacção que lhe foi dada pela Directiva 98/15/CE da Comissão, transposta para a legislação nacional pelo Decreto-Lei n.º 152/97, de 19 de Junho, com a alteração que lhe foi introduzida pelo Decreto-Lei n.º348/98, de 9 de Novembro.

Inexistência de acumulação anormal de algas ou de restos de materiais vegetais arrastados pelo mar na zona balnear, excepto quando a referida vegetação se destinar a um uso específico, se encontrar num local destinado para esse efeito e não perturbar o conforto dos utentes da zona balnear.

– Deverá ser estabelecido um comité de gestão da zona balnear responsável por coordenar a implementação o sistema de gestão ambiental e realizar auditorias subjacentes dos equipamentos destas.

– No caso de zonas marítimas deve existir um Plano de Ordenamento da Orla Costeira publicado e com Plano de Praia à escala 1/2.000, para a praia onde se integra a zona balnear. As actividades que aí se desenvolvem têm de estar de acordo com o Plano de Praia. Nas praias fluviais deve existir um Plano de Ordenamento para a zona balnear fluvial e as actividades que aí se desenvolvem têm de estar de acordo com o referido Plano.

Limpeza diária da zona balnear e zona envolvente durante a época balnear.

– Existência na zona balnear de recipientes para os resíduos sólidos urbanos (“lixo”), seguros, em boas condições de manutenção e regularmente esvaziados. Os resíduos recolhidos na zona balnear têm de ter um destino final adequado em infra-estruturas devidamente licenciadas.

- Na zona balnear deve existir equipamento para recolha selectiva de materiais recicláveis.

– Existência de instalações sanitárias em número suficiente e em boas condições de higiene, com destino final adequado das suas águas residuais em conformidade com os requisitos do critério n.º 9 (I).

- Na área da zona balnear e na envolvente não podem existir as seguintes actividades:
. Circulação e estacionamento de veículos não autorizados ou fora das zonas autorizadas;
. Competições de automóveis ou de outros veículos motorizados;
. Descarga de entulhos; e
. Campismo não autorizado.

– As leis nacionais relativas a cães, cavalos e outros animais domesticados (mesmo que vadios) devem estar devidamente expostas e têm de ser cumpridas na zona balnear. O acesso destes animais à zona balnear deve ser proibido e controlado.

– Todos os edifícios e equipamentos existentes na zona balnear têm de se encontrar em boas condições de conservação.

– A comunidade local/Município deve promover a utilização de meios de transporte sustentáveis para acesso à zona balnear, tais como bicicleta, transportes públicos e existência de zonas pedonais.

– Existência de um Serviço de Assistência aos Banhistas compreendendo os meios humanos (nadadores salvadores) e materiais (equipamento de vigilância, de comunicação, de salvamento, de primeiros socorros a nível do nadador salvador, de sinalização e de informação).

– Existência de serviço de primeiros socorros, devidamente assinalado. A instalação pode ser fixa ou móvel (tenda, caravana, ou estrutura desmontável).

– Deve existir uma gestão dos diferentes usos e utentes da zona balnear, de modo a prevenir conflitos e acidentes. Se existirem áreas ecologicamente sensíveis na envolvente da zona balnear dever-se-ão implementar medidas que previnam impactes negativos sobre as mesmas, resultantes da sua utilização pelos utentes ou do tráfego para a zona balnear.

– Existência de Planos de Emergência e mecanismos para aviso da população em tempo útil, no caso de se prever ou de se constatar a poluição da zona balnear ou de esta se tornar insegura para os utentes.

– O acesso à zona balnear deverá ser seguro e adequado.

– Existência de uma fonte de água potável devidamente protegida.

– Pelo menos uma das zonas balneares do Município tem de estar equipada com rampas e instalações sanitárias para deficientes motores, excepto quando a topografia do local não o permitir. Nos casos em que o Município apenas tem uma zona balnear com Bandeira Azul, esta tem de cumprir os requisitos acima referidos. Após a total implementação dos POOC todas as zonas balneares têm de possuir estas instalações, excepto no caso referido.

– Existência de um mapa da zona balnear galardoada com indicação dos vários equipamentos disponíveis.

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Porto Editora em crescimento


Esta editora anunciou a realização de um acordo de promessa de compra e venda da Editora Bertrand (Pergaminho, Quetzal, Temas e Debates e ArtePlural Edições), da Distribuidora Bertrand, das Lojas Bertrand e do Círculo de Leitores.

Este grupo , de família fangueira, liderado por Vasco Teixeira, passa a ser assim o segundo maior de Portugal, a par do grupo Leya (que engloba mais de 20 editoras).

Estes dois grupos passarão a dominar cerca de 50% do mercado editorial nacional.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Poeta Abel Maria Vinhas dos Santos


Este distinto poeta fangueiro está referenciado num Artigo, no Jornal de Esposende, da autoria do dr. Bernardino Amândio, que vale a pena ler com atenção.

Apesar de falecer muito novo, com 28 anos apenas, este professor primário publicou em jornais e também em livro, tendo igualmente colaborado com Ernestino Sacramento, na escrita de poemas para canções de revistas fangueiras.

Os seus livros publicados são:

Cantares
[S.l. : s.n.], 1933 ( Espozende : -- Tip. Espozendense)
33 p. ; 17 cm

O lobisomem : conto
[S.l. : s.n.], 1937 ( Espozende : -- Tip. Cávado)
14 p. ; 12 cm

Riso morto : sonetos
[S.l. : s.n.], 1936 ( Esposende : -- Tip. Cávado)
50 p. ; 21 cm

Auto-aprendizagem da leitura e escrita : trabalho original adaptado à escola portuguesa / Dâmaso Carreiro ; des. Vinha dos Santos.
[S.l. : s.n.], 1936 ( Porto : -- Tip. Invicta)
12 p. il. ; 24 cm

Para quando a publicação da sua obra?

domingo, 2 de maio de 2010

Praia de Fão em risco


A emissão de 29 de Abril de 2010 do Biosfera, na RTPN, abordou em profundidade a situação da orla costeira portuguesa e entre várias situações foi abordada a da praia de Fão.

Maria Grego começou por enunciar algo que sintetiza o actual estado de coisas: 67% do litoral português está em risco.

A Costa do nosso parque Natural Litoral Norte, que corre toda a zona desde Viana do Castelo até ao sul de Fão/Esposende não é excepção.

A arriba da praia de Ofir, a sul do esporão, recuou 3 metros, só neste Inverno.
As Torres, que incluem 114 apartamentos e 15 espaços comerciais, hotel e algumas residências encontram-se assim em zona de risco, e cada vez mais susceptíveis.
O engº José Sócrates falou em demolições há 8 anos, em 21 Fev 2002, numa entrevista à TSF anunciou então a intenção de iniciar um processo de destruição destas torres, de 15 moradias implantadas no cordão dunar e da frente do Hotel Ofir, parcialmente construído sobre a praia. Contudo este processo parou devido à impopularidade e controvérsia gerada.

Todos os anos Portugal perde costa. Este ano não escapou à regra. A orla litoral está com muita falta de areia provocada pela forte ondulação, recuo natural e causas antrópicas como: construção de barragens, extracção de areias, construção costeira desenfreada e alterações climáticas.

Na zona norte, em temporal, a ondulação chega aos 8 metros na costa e o mar arrasta anualmente 2 milhões de m3 de sedimento.

Vejamos então exemplos concretos ao longo do país, que retratam a situação da orla costeira:
Nas zonas de Mafra e Sintra, 50 arribas estão em situação de derrocada eminente. Na Aguçadoira em dois anos a arriba recuou 6 metros.
No dia 21 de Agosto de 2009, em Albufeira na praia Maria Luisa, o aluimento de uma arriba tirou a vida a 5 pessoas.
Na praia da Fuzeta no Algarve foram destruídas este ano 44 casas das 71 casas existentes. Também as construções na praias de Faro, ilha de Cabanas e na ilha da Barreta estão em risco. Só no Algarve já foram intervencionadas 14 praias em desmantelamento, reforço e sinalização de arribas.
Em Quarteira, a praia mais afectada do Algarve, só entre Janeiro e Março de 2010, perderam-se 15 m de areal.
Entre Esmoriz e Vagueira estão 4000 casas em perigo.

Segundo Renato Henriques, investigador do Departamento de Ciências da Terra da Universidade do Minho a arriba da praia de Ofir, a sul do esporão, recuou 3 metros só neste Inverno.
Existe um fenómeno de recuo natural desde o término da pequena idade do gelo que começou final do sec. XIX. Contudo, devido à ocupação desenfreada da costa princialmente na década de 80, o recuo normal anual de 60 a 80cm foi amplificado de 4 a 5 vezes por causas antrópicas. Segundo este técnico a melhor solução seria contrariar o processo, desmontado as construções nas zonas interditas e reconstruir em zonas interiores seguras. Estas decisões políticas impopulares devem ser tomadas para equilibrar esta situação.

Na costa Algarvia a situação também não é fácil. Este foi o pior Inverno dos últimos 10 anos e 6 praias estão em alerta vermelho de segurança.

Na opinião de Delminda Moura e Óscar Ferreira, geólogos da Universidade do Algarve, as arribas (rochas do período Miocénico, com 25 milhões de anos) estão sapadas, i.e., não têm suporte por baixo, devido à acção das ondas e há o risco de desabamento. Também a água doce vinda das regas e piscinas, desfaz estas rochas carbonatadas fragilizando-as. Além disto a sobrecarga mecânica que a construção costeira exerce é mais um factor de instabilidade.
Os molhos que são construídos para proteger certas fracções da costa agravam a falta de sedimento nas zonas dadoras acelerarando a sua deterioração.
A distância de segurança relativa a uma arriba é 1,5 vezes a sua altura. Logo poucas praias existirão verdadeiramente seguras no Algarve.

Joaquim Barbosa, investigador CICGE, Fac. Ciências U.Porto esclarece que a fonte sedimentar mais importante para a costa são os rios. Contudo, devido à intensa construção de barragens travou-se esta alimentação sedimentar. O rio Douro tinha, em 1930, antes da construção das barragens a capacidade de transportar para o mar entre 1 a 2 milhões de m3 de areia.
Actualmente transporta sómente cerca de 0,25 milhões de m3. Também o problema da extracção de areias, para construção e navegabilidade dos rios, vem agravar esta situação.

Filipe Duarte dos Santos, Coordenador do PECAC, liderou um estudo promovido pela Agenda Cascais 21 e pela CM Cascais que revela que os areias das praias do concelho podem diminuir 80% até ao final do século.
No século passado o nível do mar subiu cerca de 15 cm (1,5 mm /ano). Contudo nos últimos 10 anos este valor subiu para 2,5 mm/ano. A direcção das ondas está também a rodar no sentido horário, i.e., estão a ficar mais paralelas à costa ocidental portuguesa o que intensifica a remoção de sedimentos de Norte para Sul.

Há falta de sedimentos na orla costeira e esta carência está a ser remediada com a construção de esporões e enchimento artificial de algumas praias para a salvaguardar temporariamente.

É necessário que nós e o poder político decidamos o que queremos fazer. Vamos manter a costa ou vamos recuar?

Para já a política tem sido tentar manter a linha de costa com engenharia pesada, em intervenções de valor avultado e nem sempre bem sucedidas, como no caso do Furadouro em que obras dispendiosas não evitaram a força destrutiva do mar.

Ao longo do tempo não foram respeitadas as faixas de risco definidas pelos técnicos nem o ordenamento do litoral e não podemos culpar só os políticos.

Dulce Pássaro, ministra do Ambiente, já anunciou o orçamento de 500 milhões de euros para a protecção do litoral português. Só para esporões e enrocamentos para protecção das zonas de risco em Ovar foram já gastos 6 milhões de euros.

Se for continuada a actual política de manutenção de costa, o deslizamento e derrocada de arribas, falésias cimentadas e enrocamentos de pedra, constituirão a paisagem da costa portuguesa no futuro e também da nossa praia.