De manhã mal começa o dia
Tenho arrelia com este murrão.
Porque pensa que é ele que manda,
Mas não manda em mim isso não.
Na limpeza das ruas da terra
Sempre me faz guerra e pega comigo.
Mas que mal lhe faria eu
P’ra este judeu me dar tal castigo.
Ai murrão, murrão,
És o meu chará,
Ai murrão murrão,
Chega-te pra lá.
Não preciso de fazer barulho
Pois tenho orgulho nesta profissão.
Mas eu sou o mais velho na arte
E por isso sou eu o mandão.
Ai João por mais que me digas
Isso são cantigas, não falas a sério.
Eu te digo que terei prazer
Em te receber lá no cemitério.
Ai João, João,
Como somos tortos,
Dou-me mal contigo,
Dou-me bem com os mortos.
Ai João, João,
Como somos tortos,
Dou-me mal contigo,
Dou-me bem com os mortos.
Nota:
Este número fala de dois varredores que existiam em Fão e que eram figuras típicas da terra. Havia uma competição entre eles. Um dos varredores era também coveiro. Lembro-me perfeitamente deste senhor, conhecido por João Coveiro, com o seu cigarro colado ao lábio, com a cara morena e engelhada, marcada pelos anos. Tinha um carrinho, que empurrava à mão e onde guardava as ervas daninhas e as suas vassouras de giesta.
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