sexta-feira, 30 de abril de 2010

Fão e os Caminhos de Santiago


Pois é. Como não podia deixar de ser este milenar caminho também passa em Fão. O apoio médico a peregrinos em tempos antigos está ligado aliás às origens da Misericórdia e da tradição hospitalar desta terra.

O caminhos de Santiago são percursos muito antigos, realizados desde o século IX e que são utilizados pelos peregrinos (do latim "Per Aegros", "aquele que atravessa os campos") na sua viagem até Santiago de Compostela, ao túmulo do apóstolo São Tiago, na catedral de Compostela.

Existem muitas variantes sendo os mais conhecidos o Caminho Francês e o Caminho Português.

Carlos Magno estimulou muito a peregrinação ao sepulcro do Apóstolo Tiago e deu origem ao caminho francês que obriga a muitos dias de marcha desde a longínqua França até ao Templo no norte da Galiza. Os caminhos de toda a Europa entroncam neste que por sua vez se liga ao Caminho Espanhol através do nordeste. Este percurso até Compostela é considerado património da Humanidade e Primeiro Itinerário Cultural Europeu.

O caminho Português por seu lado vem de Sul e nunca entronca com o Espanhol, a não ser, claro está, em Santiago. Portugueses tão ilustres como o conde D. Henrique (1097), Rei Sancho II (1244), conde D. Pedro (1336), rei D. Manuel I (1502) e Rainha Santa Isabel (1325) já o percorreram.

Em Portugal, a peregrinação a Santiago nunca deu origem a um caminho unificado semelhante ao francês, porém a via Lisboa-Valença com passagem por Santarém, Tomar, Coimbra, Porto, Barcelos ou Braga e Ponte Lima parece reunir um consenso de uma via possível e ancestral.

Em 1138 encontramos uma das mais antigas referências ao Caminho Português na obra do geógrafo árabe Idrisi que descreve os caminhos de Coimbra para Compostela, por mar e por terra.

Sempre que o dia 25 de Julho calha a um domingo, o que acontece em 2010, esse ano é considerado Ano Jubilar Compostelano. Assim, ganham outra grandiosidade as celebrações do Martírio do Apóstolo São Tiago e abre-se a "Porta Santa" da Catedral de Santiago de Compostela, onde está o sepulcro que contém os restos mortais do Apóstolo.

São Tiago foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo e nasceu na Galileia. Segundo a tradição este apóstolo visitou a Hispânia para pregar. Como não conseguiu converter os pagãos Hispânicos regressou à Galileia onde foi decapitado por Herodes Agripa em Jerusalém, no ano de 44.

Diz a lenda que o seu corpo regressou de barco à Galiza onde entrou escondido em conchas de vieira, molusco bivalve abundante nas Rias Baixas. Daí a tradição do Peregrino se fazer acompanhar de uma concha de vieira.

Mais tarde em 814, um ermita chamado Pelaio, seguiu as indicações que recebeu num sonho e descobriu um túmulo contendo umas relíquias, e estas foram de imediato veneradas e associadas a São Tiago. Sobre essa tumba viria a ser erguida a Catedral de Santiago de Compostela.

Ao longo da história a popularidade destes caminhos tem oscilado, mas creio não estar errado se disser que está a atravessar um pico. Actualmente há muita sensibilidade para as questões ambientais, para a preservação da Natureza e uma procura daquilo que é genuíno. Só neste ano de 2010, Santiago receberá 200.000 peregrinos.

Para se ser considerado um Peregrino é necessário obter um documento chamado "Credencial de Peregrino" que permite pernoitar em Albergues que existem ao longo do percurso, principalmente em Espanha. Para tal deve carimbar-se esta caderneta ao longo do caminho em cafés, establecimentos, etc.

O caminho pode ser feito a pé, de bicicleta ou de cavalo e a prioridade nos Albergues é dada pela mesma ordem. Já fiz o caminho Português três vezes sendo a primeira de bicicleta e as restantes a pé, em 2007, 2008 e 2009.

O caminho português está sinalizado com uma seta amarela pintada em muros (como a que está na fotografia), postes e noutros locais apropriados. Já em Espanha está marcado com uma vieira e também com setas amarelas. Não é por nada mas acho que as marcações portuguesas são mais eficazes. De qualquer forma este sistema funciona e chegamos mesmo a Santiago.


Marco de orientação espanhol, com a concha de vieira indicando a direcção a seguir.


Normalmente levamos uma Mochila, que não deve pesar mais que 5 kg, com tudo o que serão os nossos pertences, durante a caminhada.

Cada dia é passado a andar e normalmente fazem-se 30 km em cerca de 8 horas.

Há muito tempo para meditar, conversar, observar a natureza, o património cultural e as gentes, desfrutando desta maravilhosa experiência de liberdade e de vida.

A nossa terra faz parte deste caminho milenar e pertence a uma variante do caminho Português chamada caminho da Costa. Enquanto o caminho Português principal vai de Rates para Barcelos, Ponte do Lima e Valença, a variante da Costa desvia de Rates para Fão, Esposende, Viana, Caminha, Cerveira entroncando novamente em Valença.

A partir de Valença o caminho segue por Tui, Porrino, Redondela, Pontevedra, Briallos/Caldas de Rei, Padron e chega a Compostela.

Lá chegado o Peregrino vai obter a sua Compostelana (documento que comprova a sua chegada a Compostela), assiste à emocionante missa do Peregrino e depois vai abraçar a imagem de São Tiago.

No fim há que retemperar forças com um belo almoço, talvez no Manolo, e regressar a casa.

Vou terminar com estas palavras que li algures: "...Peregrinar é um acto de Fé. É um Caminho e como tal pressupõe um itinerário, mas não se esgota nele. Tem que se lhe associar uma intenção e um objectivo, que alimentam a motivação e despertam a busca interior, promovendo assim o enriquecimento espiritual e cultural..."

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Revistas em Fão


Os espectáculos de revista foram e ainda são um importante evento cultural e um meio de expressão de artistas locais.
Esta tradição foi, segundo o que transmitiram, criada e cimentada devido à dedicação e trabalho de Ernestino Sacramento, meu avô paterno.

Ernestino Sacramento produzia estes espectáculos: ia a revistas ao Porto, principalmente ao teatro Sá da Bandeira, descobria novas canções e fados, escolhia os artistas fangueiros que os iriam interpretar, encomendava poemas a letristas fangueiros seus amigos, como o poeta Abel Vinhas dos Santos. Chegou a alugar guarda roupa de teatro no Porto para as suas revistas.

Também era ensaiador e fazia o papel de compadre (do francês "compére"). Este elemento está sempre em cena e efectua a ligação entre os diversos números. Também constitui um elo de ligação entre os actores e o público.

Tenho cópias em papel de panfletos das seguintes revistas:

20 de Agosto de 1933 - Revista "Prá Frente ..." em 2 Actos e 14 Quadros.

10 de Setembro de 1933 - Revista "Sem Fios" em 2 Actos e 15 Quadros.

Em 1933 Ernestino Sacramento tinha já 43 anos. Daqui se pode inferir que provavelmente estaria envolvido na produção destes espectáculos há pelo menos 20 anos i.e. desde 1910. Sei que organizava espectáculos num edifício, na rua da Pedra Alta, antes da existência do Salão Paroquial.

Este trabalho foi seguido pelo seu pupilo de então, José Ribeiro Maia que passou testemunho para o Armando Barbosa.

Aqui vão informações de revistas realizadas em Fão, retiradas de um interessante artigo de Artur L. Costa, no Falcão do Minho:

15 de Setembro de 1935 - Espectáculo levado à cena por banhistas e amigos de Fão a favor dos pobres.

26 de Agosto de 1939 - Espectáculo pró Bombeiros Voluntários, também promovido por banhistas e amigos de Fão.

12 de Dezembro de 1965 - Revista “Ora Chupa que s’ apaga” a favor do Clube de Futebol de Fão, organizada por Zé Maia.

2 de Julho e 1967 - Revista “Ofir também é Fão”, de José Ribeiro Maia, para as obras de restauro do Salão Paroquial.

18 de Dezembro de 1982 - “Recordar é Viver”, para matar saudades, mas de apoio ao Clube Fãozense, com a intervenção e organização de José Ribeiro Maia.

17 e 18 de Agosto de 1996 - Revista “Fão a Cantar”, no salão dos Bombeiros Voluntários, da responsabilidade da Cooperativa Cultural, repetida a 23 de Novembro, em Apúlia.

19 e 20 de Agosto de 1997 - Revista “Fão d’ Ontem, Fão Sempre...” da responsabilidade da Cooperativa Cultural.

2 de Fevereiro de 2008 - Revista "Toma lá mais esta" de homenagem a José Ribeiro Maia pelo GATA.

Com certeza que haverá mais algumas.


De qualquer modo tive o prazer de participar na revista de Dezembro de 1982 e neste blogue podem ler os poemas de todas as canções interpretadas nesse espectáculo.

Associação Pró-maior Segurança dos Homens do Mar


Foi inaugurada em Apúlia a primeira delegação da "Associação Pró-maior Segurança dos Homens do Mar", no dia 13 de Março de 2010. Este evento contou com presença de várias entidades, nomeadamente, o ministro da agricultura e pescas, o secretário de estado da defesa nacional, o governador civil do distrito de Braga, o presidente da câmara de Vila do Conde e ainda o deputado da assembleia da república, Lúcio Ferreira.

A Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar é uma associação sem fins lucrativos que tem por objecto a análise e a apresentação de medidas ligadas à segurança no trabalho de armadores, pescadores e outros profissionais e não profissionais ligados à vida no mar. Esta associação pretende mais e melhores meios de salvamento marítimo.

As reivindicações começaram aquando do naufrágio do “Luz do Sameiro”, a embarcação de Caxinas, Vila do Conde, que naufragou ao largo da Nazaré, que há um ano e meio vitimou mortalmente seis dos sete tripulantes.

A direcção da associação fez chegar uma exposição ao ministro da Defesa. "Queremos dizer aos nossos homens do mar que estamos atentos às situações causadoras de insatisfação. Continuamos a pugnar por mais e melhores meios e equipamentos de segurança", disse José Festas, presidente da Associação Pró-Maior Segurança dos Homens do Mar.

Esta associação vai fornecer novos equipamentos de segurança aos pescadores associados assim como formação nos locais de trabalho.

Em termos de segurança esta associação quer ser a voz de todos os pescadores portugueses, sem interferir com as várias associações existentes, e pretende cinco delegações a nível nacional.

Esperemos que os pescadores fangueiros beneficiem da formação e equipamento fornecidos por esta associação, sediada aqui tão perto.

Pesca em Fão e Esposende


Os pescadores de Fão e Esposende têm dificuldades em sair ao mar.
A sua faina no mar é actualmente de 4 meses por ano, sendo necessário alargar este período a pelo menos 8 a 9 meses, para ser rentável. Esta situação é causada pelos riscos sérios de acidentes na barra, nos meses de Inverno, provocados pelo assoreamento. Os pescadores exigem condições de maior segurança que permitam a faina no mar durante um período mais alargado, em segurança.

O problema das barras é geral e partilhado com outras localidades como Caminha, Póvoa Varzim, Vila Conde e Aveiro. Na presente conjuntura existem problemas na marina de Esposende, a navegabilidade do rio é deficiente e a barra extremamente perigosa. Os pescadores querem condições para trabalhar e sustentar as suas famílias.

As falhas de segurança da barra obrigam esta classe a recorrer ao rio nos meses de Inverno através da pesca à lampreia e ao meixão, também designado por enguia branca.
Contudo a pesca do meixão é proibida nesta zona só sendo permitida, no nosso país, em Caminha e Vila Real de Santo António.

As multas da pesca ilegal do meixão podem chegar aos 35.000 euros, apreensão de embarcações, redes e até levar à prisão do pescador. A cada passo há acções da GNR sobre actividades de pesca ilegal no rio, como a do passado dia 12 de Fevereiro de 2010, em que foram apreendidos 7 Kg de meixão (cujo preço se situa entre 400-500 € / Kg), e 19 redes de pesca. Aliás estas redes, chamadas telas, são caracterizadas por terem uma malha muito apertada e capturam, além das enguias bebé, crias de outras espécies.

Esta classe diz que quer trabalhar e queixa-se de falta de acção das entidades competentes e de não serem ouvidos pelas mesmas na tomada de decisões. A dragagem do rio, reforço do pontão existente e construção de mais um são soluções apontadas pela classe piscatória para alargar o período de faina no mar e evitar assim a pesca furtiva ao meixão.

Livro “Missa d’Alva” de Faria de Morais


Li o livro “Missa d’Alva” de Faria de Morais, mais conhecido em Fão por Chico Cubelo, e gostei muito.

É uma descrição simultâneamente emotiva e rigorosa, na medida do possível, da vida em Fão desde as origens até meados do século passado, onde se nota claramente nas entrelinhas que o autor é um fangueiro apaixonado pela sua terra. Esse amor a Fão é comum a todos nós que sentimos esta terra de uma forma muito especial . De alguns dos personagens abordados no livro, como o enigmático Avelino, o galhofeiro Polainas, o atarefado Lareco, o pobre Marcelino e o simpático Sorriso tenho imagens vívidas, que recolhi nos meus tempos de juventude.

A linguagem cuidada do autor denota a sua ligação profissional às letras e em particular ao jornalismo. Domina a palavra e a sua escrita vai além da estética jornalística, denotando também uma sensibilidade notável.

Lembro-me bem das boleias que me dava para o Porto, no seu dois cavalos vermelho. Eu ia para a faculdade e ele para o jornal. Graças a esta boleia viajava na segunda-feira em vez de domingo à noite e ficava mais um bocadinho em Fão. À sexta-feira regressava com ele e noutras vezes com o Dr. Emílio, que exercia advocacia na cidade Invicta e não perdia um fim de semana em Fão.

O Chico Cubelo sempre foi para mim aquilo que sonhei num fangueiro. Uma pessoa afável, culta, com um sorriso enorme e sempre aberto aos outros, mesmo aos mais novos como eu. Aliás devo-lhe a oportunidade de jogar ténis com ele no “court” do hotel do Ofir. Adorava desporto e de partilhar este gosto com quem quisesse alinhar. Recordo-me aliás de participar com ele, o meu pai e muitos mais em boas futeboladas na Junqueira.

No seu livro desfilam ao longo da história de Fão os verdadeiros heróis desta terra de labor e sofrimento que são os pobres, os que nada têm de seu e labutam pelo pão de cada dia. É como se a sua heroicidade fosse proporcional ao sofrimento das suas vidas. Os maus são claramente aqueles que deles se aproveitam, os usurários. O lado bom está nos homens de coração, muitos deles ligados à Misericórdia de Fão. E na zona cinzenta estão todos os outros.

Os tempos actuais também não são fáceis para muitos.

Contudo a sociedade, ao longo das últimas décadas, principalmente após 25 de Abril de 1974, tem vindo a desenvolver mecanismos no sentido de prevenir situações de penúria extrema: subsídio de desemprego para acudir aqueles que não têm trabalho, subsídio de doença para os que estão doentes e não podem trabalhar e rendimento mínmo para os que não têm quaisquer meios de subsistência. Também o serviço nacional de saúde garante acesso gratuito a serviços médicos a qualquer cidadão e muitos medicamentos são financiados pelo estado, tormando-os mais acessíveis aos mais pobres. A assistência social garante condições mínimas no apoio a muitos idosos, crianças com problemas familiares, etc. E além disso existem ainda as Misericórdias, aliás pioneiras no apoio aos carenciados e que continuam a desenvolver um trabalho insubstuível.

O sofrimento e privações extremas a nível físico terminaram. E agora? Quem serão os heróis deste mundo moderno? Quais são os desafios actuais?

Há desafios e que desafios.

Há que matar agora a fome que cada um tem de se encontrar a si mesmo. Este é um repto muito difícil e cada vez mais estou convencido de que ninguém o consegue enfrentar sem a ajuda dos outros.

A maior abundância que caracteriza a sociedade actual permite às pessoas viverem nas suas conchas, em regime de auto-suficiencia, numa bolha artificial, como afirma o professor Joaquim Peixoto, ilustre fangueiro, de quem tive o privilégio de ser aluno.

É o trabalho, o sofá, a tv, a internet. Depois chega o fim de semana. Estamos cansados e aproveitamos para retemperar forças, em casa… E o ciclo repete-se. Chegam as férias e cada um vai para um local exótico se tiver posses para tal. Se não tiver tenta sair para um local diferente. As férias terminam e volta a rotina. E quando damos por ela passou uma vida. E vemos que apesar de toda a abundância, falta qualquer coisa dentro de nós. Há um vazio.

Se calhar antigamente as privações obrigavam as gentes a sair à rua e a encontrar alegrias em coisas mínimas e uns com os outros. Tudo o que acontecia era motivo para uma conversa e as novelas eram criadas por cada um com personagens reais. A fome, a miséria dentro das casas puxava as pessoas para a rua e estas ajudavam-se mútuamente.
As lavadeiras iam para o rio e falavam umas com as outras. As mulheres e crianças iam buscar àgua aos fontanários. Os homens, nos momentos de lazer iam para os tascos ou então para os clubes. As crianças brincavam na rua, em bandos. Aos domingos muitos iam ao futebol. A vida obrigava a este contacto social e havia alguma alegria. Também se faziam os teatros de revista onde era dada a oportunidade a quem tinha algum talento de o mostrar. A comunidade ia ver e todos partilhavam. Os artistas da terra tinham então os seus momentos de glória.

Contudo não eram só flores. Em Fão havia, e se calhar ainda há, muita distinção de classes, fossem elas sociais, etárias ou culturais. Vislumbrei, mais de que queria, os fantasmas da ignorância e maledicência. Vivi choques entre gerações, falta de diálogo, talvez porque a vida era difícil e o conhecimento parco.

Inerente a cada ser humano é a sua necessidade, desde tenra idade, de ser aceite e reconhecido pela comunidade. Quem não gosta de uma palavra amiga? Quem não aprecia um elogio ou algo que o faça sentir especial?

É este o grande desafio. Sermos capazes de ter uma vida comunitária saudável. Isso faz com que cada elemento se sinta especial e sinta simultâneamente que cada um dos outros é também especial. Mata-se a fome do espírito que também necessita de alimento como o corpo.

O refúgio no individualismo ou em grupinhos não me parece ser o caminho. É tempo de pensamos nisto e sairmos para a rua. Não para destruir mas para criar. Não para dominar mas para compartilhar. Não para desprezar mas para acarinhar. Não para discutir mas para dialogar com diplomacia.

E a vila de Fão e a sua comunidade, em abono da verdade, muito tem realizado neste domínio.

Existem várias organizações que envolvem a comunidade nesta vila como: misericórdia, bombeiros voluntários, clube de futebol, clube de hóquei, centro cultural, grupo de teatro, clube fãozense e uma comissão de festas que trabalha o ano inteiro para a sua realização. Organizam-se ainda outros eventos comunitários como a festa do marisco, exposições, conferências, tertúlias e marchas populares que envolvem membros da comunidade.

Também a Internet dá agora a possibilidade aos indivíduos e organizações de publicarem os seus trabalhos e de interajirem. É o caso do exemplar jornal Novo Fangueiro Online, da inovadora Esposende Tv, dos blogues individuais que nos revelam excelentes fotógrafos e grupos como a espectacular “Comunidade Fangueira”, criada pelo Né Vieira.

Mas atenção! Atenção aos mais fracos, tímidos ou marginalizados. Que a comunidade não se esqueça dos que esperam no seu canto uma hipótese de reconhecimento e de participação. Que os mais dotados não se deixem encadear pelas luzes da atenção pública e estendam a sua mão para que todos, na comunidade, tenham as suas oportunidades e se sintam valorizados.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Letras de Revista - Serões

[ Refrão
Ó que tempos tão saudosos raparigas,
Em que juntas fiávamos ao serão.
E ao som de violas e cantigas
Que belos tempos esses, lá vão.
Nas longas e frias noites de Inverno
Sentadas à lareira assim.
E o fuso no rodopiar eterno
Vai enrolando o linho da cor do marfim.
E o fuso no rodopiar eterno
Vai enrolando o linho da cor do marfim. ]

No tempo de rapariga, eu fiava noite e dia
Com a roca na cintura.
Hoje já sinto a fadiga, do que dantes eu me ria
Hoje me causa amargura.

Ser velhinha que tristeza, quem me dera com franqueza
Voltar aos tempos de outrora.
Com a alegria brejeira que caracteriza a fangueira
Nos serões da tia Leonora.

Refrão

Dizes bem ó minha amiga, nos tempos de rapariga
Sou da tua opinião.
Esses tempos dizes bem, não voltam p’ra mais ninguém
É uma consolação.

Seja rico ou seja pobre, do plebeu ao mais nobre
Para trás não pode ser.
Tristezas não pagam dívidas, vamos fiando as estrigas
E seja o que Deus quiser.

Refrão

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Senhor Bom Jesus de Fão


A devoção à Paixão de Cristo teve especial desenvolvimento após o concílio de Trento.
Há na diocese de Braga numerosas igrejas e templos dedicados ao Bom Jesus. Existem documentos que referem uma ermida no actual local no século XVII.
Entre 1710 e 1724 procedeu-se à construção do templo actual, a Igreja do Senhor Bom Jesus de Fão.
É um edifício de cruz latina com abóbada de pedra. A fachada está decorada com um janelão de granito sobre um pórtico renascença.
No camarim da capela-mor encontra-se a imagem do Senhor Bom Jesus - o Senhor dos Passos. No transepto erguem-se o altar do Senhor da Agonia ou dos Aflitos e o altar de Nossa Senhora das Angústias.
A torre foi construida por volta de 1730 e mais tarde o rei D. Luis I concedeu Alvará Régio à Irmandade que teria sido fundada em 1711. Foi então colocado o escudo real e a igreja foi elevada à categoria de capela real. A imagem do Bom Jesus é muito antiga, tendo dado origem a uma curiosa lenda.
Junto do arco cruzeiro encontra-se um ex-voto, a vela de um navio, oferecida por marinheiros em cumprimento de uma promessa.
Por detrás da capela-mor há um corredor para facilitar a circulação dos romeiros e o acesso à Santa Imagem.
A parede do adro está guarnecida por pilastras encimadas por 32 grandes esferas de granito e, em frente à igreja numa ampla alameda, existe um coreto, o fontanário e o cruzeiro.
A principal festa realiza-se no Domingo de Pasacoela, tendo-se-lhe associado posteriormente, na 2ª-feira a Procissão do Senhor aos Enfermos.
Nestes dias acorrem ao Templo milhares de romeiros vindos de todo o concelho e doutras terras do norte, que não deixam de fazer a visita ao Senhor Bom Jesus.
As festas da Vila, associadas ao Bom Jesus de Fão, são uma das mais famosas romarias do concelho de Esposende.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Flora - Funcho

Nome Científico: Foeniculum vulgare


O funcho, também conhecido por anis-doce, erva-doce, maratro ou finóquio, ou fiuncho, é o nome vernáculo dado à espécie herbácea Foeniculum vulgare.
O cheiro e sabor característicos (em geral designados por "anis" ou "erva-doce") resultam da presença de anetol, um composto fortemente aromatizante.
Esta forma da planta é espontânea nos Açores e na Madeira. A sua abundância está na origem do nome da cidade do Funchal, a actual capital madeirense.

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Apiales
Família: Apiaceae
Género: Foeniculum

Flora - Esteva

Nome Científico: Cistus ladanifer



É uma planta da família Cistaceae. É um arbusto que atinge de 1 a 2,5 metros de altura e largura. Tem folhas persistentes recobertas com uma resina aromática. O seu nome vem do grego ciste, que significa caixa ou cesto.

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales
Família: Cistaceae
Género: Cistus

Flora - Giesta

Nome Científico: Spartium junceum



Arbusto semi-lenhoso, muito florífero, de 1,5-3 m de altura, com muitos ramos verdes, eretos, com folhas pequenas dispostas esparsamente na ramagem fina que lembra juncos. Inflorescências grandes terminais, densas, com inúmeras flores de longa duração, que se formam na primavera e verão e ocasinalmente em outras épocas.

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Género: Cytisus Desf.

Flora - Tojo

Nome Científico: Ulex europaeus

Arbusto com 1 a 3 metros de altura, com ramos espessos, ereto, todo recoberto de espinhos. Flores amarelas grandes presentes na maior parte do ano. Vagem oval com 4 a 6 sementes dentro que podem ser dispersadas pela ação dos ventos. Ainda jovens, as plantas desenvolvem raízes vigorosas, tornando-as aptas a dominarem ambientes degradados com rapidez.

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Género: Ulex

Flora - Junco

Nome Científico do Género: Juncus


Estas plantas possuem caules cilíndricos com três fileiras de folhas, e as suas flores miúdas são esverdeadas ou castanhas. A pequena vagem contém muitassementes escuras, que parecem poeira. O junco comum é uma planta verde-escura e flexível, que cresce com freqüência em locais húmidos. O tamanho habitual é de 1,5 m de altura.

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Poales
Família: Juncaceae
Género: Juncus

Flora - Acácia Austrália

Nome Científico: Acacia melanoxylon


Árvore de folha persistente, robusta, de porte erecto e simétrico, de copa densa. Os ramos são geralmente horizontais ou um pouco pendentes. As folhas são eliptícas, lanceoladas ou oblanceoladas, de 6 a 14 cm de comprimento, um pouco coriáceas. De cor verde escura, com 3 a 5 nervuras longitudinais e ápice agudo ou obtuso. Nos exemplares jovens é característico o polimorfismo folear. As inflorescências surgem em ramos axilares mais curtos que os filódios, são capítulos globosos de um amarelo pálido ou creme com 5 a 10 mm de diâmetro.

Tem carácter invasor, propaga-se por sementes. A época de floração é no ínicio da Primavera (Março, Maio) , de cor creme. O fruto é uma vagem em forma de S. Não tem exigências quanto ao tipo de solo, mas prefere solos ácidos. Sofre em situações de seca. Utilizada isolada ou em grupo. Tem um crescimento rápido, mas atinge proporções bem menores, sendo considerada uma árvore de médio porte - altura: 10m a 15m diâmetro: 7m

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Fabales
Família: Leguminosae(Fabaceae)
Subfamília: Mimosoideae
Género: Acacia

Flora - Pinheiro Bravo

Nome Científico: Pinus Pinaster


O pinheiro-bravo (Pinus pinaster) é uma espécie de pinheiro originária do Velho Mundo, mais precisamente da região da Europa e Mediterrâneo. É uma árvore média, alcançando entre 20 a 35 metros.
O tronco está coberto por uma casca espessa, rugosa, de cor castanho-avermelhada e profundamente fendida.
As suas folhas são folhas persistentes, em forma de agulhas agrupadas aos pares, com 10 a 25 centímetros de comprimento.
Tem floração monóica, ou seja as flores masculinas e femininas estão reunidas num mesmo pé. As suas flores masculina estão dispostas em inflorescências douradas, com forma de espiga, agrupadas lateralmente nos ramos longo do terço inferior dos raminhos novos; e as flores femininas estão dispostas em inflorescências terminais. A sua floração começa em Fevereiro e acaba em Março.
As pinhas ou cones, com entre 8 a 22 cm de comprimento por 5 a 8 cm de largura, simétricas ou quase simétricas, são castanhas claras e brilhantes quando maduras. Amadurecem no final doVerão do segundo ano e libertam numerosas sementes com uma asa, vulgarmente designada por pinhão.

Essência florestal de grande interesse económico foi abundantemente plantada pois proporciona uma grande produção de madeira, protege contra o vento, e devido ao seu enraizamento radical aprumado e profundo como fixador de dunas, além de permitir a recuperação de solospobres e erosionados.

A madeira, resinosa, clara, avermelhada ou castanho-avermelhado, com abundantes nós é durável, pesada e pouco flexível, então é utilizada em mobiliário, postes, cofragem, caixotaria, aglomerados, carpintaria, construção naval, combustível e celulose.

Extrai-se a resina, para ser usada na indústria de tintas, vernizes e aguarrás.

A casca do tronco é rica em tanino e é usada no curtimento de peles.
Actualmente, o Pinheiro representa cerca de 40% da área florestal, ou seja 1.300.000 hectares em todo o País, quer em povoamentos puros, quer em mistos dominantes.

Reino: Plantae
Divisão: Pinophyta
Classe: Pinopsida
Ordem: Pinales
Família: Pinaceae
Género: Pinus

sábado, 3 de abril de 2010

Fão e Fangueiros na Internet

O meu amigo Mandinho Reis, já tomou esta iniciativa na Comunidade Fangueira mas não resisto a publicar um resumo dos sites, blogues e afins de alguma forma associados a Fão.

Comunidade
http://fangueiros.ning.com/
http://www.conversadocafe.blogspot.com/

Informação
http://www.novofangueiro.com
http://www.esposendetv.com.pt

Organismos e Associações
http://www.jf-fao.pt/
http://www.scmfao.pt/
http://www.bvfao.com/

Desporto
http://www.cffao.pt/
http://www.hoqueiclubedefao.com/
http://osgalacticos-cffao.blogspot.com/

Cultura
http://www.ccfao.com/
http://grupogtaf.blogspot.com/

Natureza
http://fao-natural.blogspot.com/
http://www.fanumnaturalis.blogspot.com/
http://www.naturafangueira.blogspot.com/
http://verdes-ecos.blogspot.com/

Fotografia
http://www.lentesdiscretas.blogspot.com/
http://www.ajorgereis.com/
http://www.faodesempre.blogspot.com/
http://cantinhodefao.blogspot.com/
http://www.cantinhodefao-retratos.blogspot.com/
http://fao-ofir.blogspot.com/
http://www.nunolope.blogspot.com/

Outros
http://ernestinosacramento.blogspot.com/
http://www.ferribodidoamor.blogspot.com/
http://highwaythieves.blogspot.com
http://fangas.blogspot.com/
http://www.360portugal.com/Distritos.QTVR/Braga.VR/vilas.cidades/Fao/index.html
http://www.verdes-ecos.blogspot.com/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fão
http://www.360portugal.com/Distritos.QTVR/Braga.VR/Natureza/Ofir/Ofir.Restinga.html

E para finalizar e ficarem com um cheirinho das maravilhas e bucolismo que esta terra encerra deixo como sugestão este vídeo excelente feito pelo Armando Reis,

http://fangueiros.ning.com/video/fao-por-entre-ruas-e-calcadas?xg_source=activity

Saudações Fangueiras,

sexta-feira, 2 de abril de 2010

GATA - Dia Mundial do Teatro

Para promover o Dia Mundial do Teatro, que se comemorou no passado dia 27 de Março, a Câmara Municipal de Esposende promoveu a apresentação da peça “Uma História fabulástica”, pelo Grupo de Teatro Amador de Fão (GATA) no Auditório Municipal de Esposende, com entrada livre.
A peça, da autoria e com encenação de Mara Costa Simões e Hélder Carreira, retratou a história de Rita, uma menina vive num mundo de fantasia.
Nesta peça foram representadas histórias infantis que todos conhecemos e que transmitem um ensinamento, como a lebre e a tartaruga, capuchinho vermelho, … .
O Grupo de Teatro Amador de Fão foi fundado em 2007, devido à forte tradição que o Teatro de Revista tem na Vila Fangueira desde longa data.
Para além do Teatro de Revista, a GATA tem vindo a realizar as “Noites Fangueiras” nas quais se tocam e cantam músicas de outros tempos, particularmente o fado, promovendo ainda a realização de outras actividades, nomeadamente workshops, teatros de fantoches e marionetas e aulas de formação teatral, entre outras.
Estive presente neste espectáculo e pena foi que a afluência de público não fosse maior.O trabalho dos pequenos actores bem o merecia.
Um reparo para o sistema de som que estava com um ruído persistente que perturbou um pouco a audição das vozes dos pequenos actores.
Parabéns ao GATA.

“Ofir também é Fão” na censura do Estado Novo

Segundo informações contidas num artigo de Artur Costa, no Jornal de Esposende, "... a peça “Ofir Também é Fão”, teatro de revista da autoria de José Ribeiro Maia, em colaboração com Carlos Palma Rio e o apoio de Artur Costa, foi levada à cena no antigo Salão de Cristo Rei, a 2 de Julho de 1967, em Fão. Antes da sua estreia foi à censura e sofreu cortes, como sempre acontecia e quando os textos não agradavam ao poder político da época. A peça foi classificada para maiores de 12 anos. ..."


Letras de Revista - P'rá Praia

Para os campos cultivar, num alegre chilrear,
Vamos todos aos sargaço, vamos todos ao sargaço.
Numa alegria constante, nesse mar desafiante,
Com todo o desembaraço, com todo o desembaraço.

Sempre a cantar e a rir, é um gosto ver-nos ir
De manhã de manhazinha, de manhã de manhazinha.
Lá passamos todo o dia numa constante alegria
Até chegar à noitinha, até chegar à noitinha.

Refrão
Pra praia, com o sol escondidinho nós vamos.
Nossa lida começar, sem nunca nunca parar,
Sempre a rir e a folgar de manhã muito cedinho.
Pra praia, com o sol escondidinho nós vamos.
Nossa lida começar, sem nunca nunca parar,
Sempre a rir e a folgar de manhã muito cedinho.

Na areia branca do mar, vamos então esperar
O adubo precioso, o adubo precioso.
Pra dar à terra bendita, ela espera coitadita,
Esse manjar saboroso, esse manjar saboroso.

E assim, ó raparigas, vamos cantando cantigas,
Nesta alegria santa, nesta alegria santa.
Diz o antigo ditado, já velho e estafado,
Quem canta seus males espanta, quem canta seus males espanta.

Refrão

Letras de Revista - Salva Vidas

Refrão
A remar no salva vidas
Pro semelhante salvar
A remar no salva vidas
Pro semelhante salvar
Vamos assim aguerridas
De encontro às ondas do mar
Vamos assim aguerridas, ai
De encontro às ondas do mar

O remador português
É de todos o mais nobre
Com bravura e altivez
Salva o rico e salva o pobre

Dentro do seu salva vidas
Não há ninguém mais valente
A lutar contra esse mar
É vê-lo sempre contente

Refrão

Ei-los que partem agora
Pro semelhante salvar
Ao som da velha sirene
Que os chamou para o mar

E de repente contente
Cheio de fé e esperança
Vai rezar com devoção
À senhora da Bonança

Deixa o lar deixa seus filhos
Sua esposa adorada
Deixa o lar deixa seus filhos
Sua esposa adorada
Deixa o seu pai já velhinho
Sua mãe idolatrada
Deixa o seu pai já velhinho, ai
Sua mãe idolatrada

Refrão

Letras de Revista - Fado

Fado, meu triste fado,
És como eu triste e fatal.
Fado, meu triste fado,
És como eu triste e fatal.

Tens a voz de um torturado,
Tu és cantado pela voz de Portugal.
Canção bizarra aqui tens meu coração.
Faz dele uma guitarra e canta com devoção.
Canção bizarra aqui tens meu coração.
Faz dele uma guitarra e canta com devoção.

La, la, la, …
La, la, la, …
És a eterna canção do povo.
És nobre e sabes viver.
La, la, la, …
La, la, la, …
E como eu és sempre novo.
Sorrir, cantar, sofrer.

Fado, meu triste fado,
Meu companheiro tão dedicado.
Fado, meu triste fado,
Meu companheiro tão dedicado.

Se choras, choro eu contigo
És o meu fado, o meu norte, o meu abrigo.
Não há pintor e escultor que te resista.
Porque és fado, e o fado é dor.
E a dor é filha de artista.
Não há pintor e escultor que te resista.
Porque és fado, e o fado é dor.
E a dor é filha de artista.

La, la, la, …
La, la, la, …
És a eterna canção do povo.
És nobre e sabes viver.
La, la, la, …
La, la, la, …
E como nós és sempre novo.
Sorrir, cantar, sofrer.

Letras de Revista - Fogareiro e Assadeira

(Ele)
Ó minha rica assadeira,
Só a ti tenho louvor.
És de todas a primeira
A sentir o meu calor.

(Ela)
Ó meu rico fogareiro,
Sem ti não posso passar.
Quando sinto o teu braseiro,
Faço as castanhas assar.

Refrão
(Ela)
Ó meu rico fogareiro,
(Ele)
Ó minha rica assadeira,
(Ele e Ela)
Somos um par tão brejeiro,
Somos um par tão brejeiro,
Só queremos brincadeira.
E p’ra não desanimar,
O corpo pede folia.
Vamos castanhas assar,
Vamos castanhas assar,
P’ra comer na romaria.

(Ele)
Diz a velha vendedeira
A toda a gente que passa,
Fogareiro e assadeira
São feitos da mesma massa.
(Ela)
E o velho por brincadeira,
Disse-me em tom tão brejeiro,
És tão linda assadeira
Tens um belo fogareiro

Refrão

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Letras de Revista - Ir atrás dos homens

Ódia o que eu fui fazer,
Roubar o bujão ao barco.
Meu noivo quando embarcar,
Vai pró fundo sem saber.

Refrão
Ir atrás dos homens não me importa nada,
Eu ficar p´ra tia era o que faltava.
Ir atrás dos homens é de hoje em dia,
Era o que faltava eu ficar p´ra tia.

Ódia não digas isso,
Que eu fico toda corada.
Mentira isso é conversa,
Ódia não fico nada.

Refrão

Ódia o que eu vou fazer,
Neste domingo que vem.
Se à igreja fizer negaça,
Ai chinelo de minha mãe.

Refrão

Que vai ser de mim agora,
Que não lhe posso valer.
Morresse eu naquela hora,
Ódia o que eu fui fazer.

Refrão

Dizes que eu sou bonita,
Quando contigo …
Mentira, és mentideiro,
Ódia, não digas isso.

Refrão

Minha mãe já não se lembra,
Que venha lá minha raça.
Meu amor está à minha espera,
Odiá não sei que faça.

Refrão

Letras de Revista - Cávado

La, la, la, la …
La, la, la, la …

Sou o Cávado garboso
De encantos sem igual.
Sou o rio mais formoso,
Deste lindo,
Deste lindo Portugal.

Quando o mar prateado
Minhas águas vem beijar
Faz lembrar o namorado,
Faz lembrar o namorado
Quando à noiva vai falar.

Refrão
Por entre margens viçosas,
Correm águas cristalinas,
Onde vão beber airosas,
As formosas andorinhas.
No murmurar constante
As águas assim
Vão correndo.
Dizendo adeus às margens,
A estas paragens,
E assim vão correndo …

La, la, la, la …
La, la, la, la …

Sou belo e atraente,
Nas manhãs calmas de Agosto
Passeiam barcos com gente,
Desde a manhã,
Desde a manhã ao sol posto.

E as frescas lavadeiras,
Junto às margens vão lavar.
Sempre com muitas canseiras,
Sempre com muitas canseiras,
Nunca deixam de cantar.

Refrão

La, la, la, la …
La, la, la, la …

Letras de Revista - Os Curandeiros

Letra de Carlos Palma Rio

Se me chama algum freguês
P’ra Gandra ou p’ra Aguçadoura,
Levo o lancete e a turquez,
Alicate e uma tesoura.

E p´ra o que der e vier
Levo as minhas receitas,
Não vá o animal morrer
Das bexigas ou maleitas.

Um dia para ver um porco
Recebi uma chamada,
Cheguei lá verifiquei
Tuberculose cansada.

Outra vez nova consulta,
Era uma doença aguda
E para isso receitei
Uma sangria orelhuda.

O casco das vacas sai
Com um pouco de água forte,
O paralelo não sai
Porque o caso é de morte.

Panarizes nos coelhos
Também por mim são tratados,
Mas meto também bedelho
Nos patos desencontrados.

Se chamam p´ra ver um porco
Que tem febre ou tem catarro,
Receito, eu não me fico,
Um capacete de barro.

Trato de todos os males,
Uruzipela e papeira.
O ... dos animales
Com cházinhos de Oliveira

Com os remédios que eu receito
Ninguém fica descontente
Pois curo tudo a eito,
Só me falta curar gente.

Se chamam p´ra ver um porco
Que tem febre ou tem catarro
Receito eu não me fico
Um capacete de barro.

Há p’ra aí tais invejosos,
Não se acreditam pois não.
Pois saibam que são famosos
Os curandeiros de Fão.
Pois saibam que são famosos
Os curandeiros de Fão.

Letras de Revista - Fão linda terra minha

Refrão
Fão linda terra minha
Tu és a rainha que não tem rival.
Fão és tu a mais linda
Como eu ainda não vi em Portugal.
Fão tenho-te amizade
Tua caridade que a todos faz bem.
Fão ó terra de encanto
Eu quero-te tanto como à minha mãe.

Nas horas de incerteza
De saudade ou de alegria
Eu chego a gostar imenso
Da tua monotonia.

Das tuas ruas tão tortas
Da tua luz apagada.
Dos teus clubes sem gente
Dos gritos da garotada.

Refrão

Terra minha tão querida,
Estremecida onde nasci.
És linda tão cheia de encanto
E tens tantos tantos como eu nunca vi.

Teu rio de águas prateadas
Que nas madrugadas elas vão lavar.
As moças com tanta alegria
Até o dia as saudar.

Refrão

Letras de Revista - Vindimas

Refrão
Cantai raparigas,
Bailai.
Cantai as cantigas,
Bailai e cantai.
Cantai nesse ar que seduz
Com os cestos carregados.
Que os cachos doirados
São gotas,
São gotas de luz.

À luz de oiro
Das manhãs,
Pela vinha, sem demora,
Vão as moças mais louçãs.

Vindimando
Loiros cachos,
Pedurados na ramagem
Á luz de oiro das manhãs.

Pelos campos,
Todo o dia,
Do sol nasce ao sol posto
Há risos e alegria.

E ao luar que
Beija as eiras,
Vão cantando todo o dia
Coros de canções brejeiras.

Refrão

Pela relva
repisada
E orvalhada pela chuva
Canta em coro a garotada.

Apanhando
Bagos de uva,
Pela relva repisada
E orvalhada pela chuva.

Há alegrias
No seu rosto,
No ar um cheirinho a mosto.

Há mistura
de cantigas.
As vindimas são um gosto
Alegrai-vos raparigas.

Refrão

Letras de Revista - Coreto, Banco de Pau e Banco de Pedra

Refrão
Nas noites frias de Inverno,
Sem luz, sem lua, sem nada,
Somos os três desprezados
Nesta terra abandonada.
Pedimos ao criador
O tal luar de Janeiro,
Para assim podermos ver
As noites de Fevereiro.

(Coreto)
De grades mal acabadas,
Assim me fazem sofrer,
À espera do ferreiro
Que ainda está para nascer.
Pintado cor de açafrão,
Sou o albergue dos cães,
Até que o senhor de Fão
Me mande a tal de Gaifém.

Refrão

(Banco de Pau)
Te quero,
Me diziam os impostores.
Te juro,
Que hás-de ser muito bem bem tratado.
Mentira,
Sois todos engraxadores.
Nunca mais eu fui pintado,
Nunca mais eu fui pintado.

Refrão

(Banco de Pedra)
Neste estado de miséria,
Todo partido assim,
Nem os guris, que tristeza,
Se sentam em cima de mim.
E todos me fazem mal,
A mim o banco imortal
Dos velhos tempos passados.
Já nos dias de calor
Não se sentam, que horror,
No pobre banco cansado.

Refrão

Letras de Revista - Ninhos

É da mais fina plumagem,
Arrancada ao próprio peito
Que os passarinhos
De entre a sonhada folhagem
E com o mais divino jeito
Fazem seus ninhos.
E nem os berços reais
São tão fofos e dotados
Do que os ninhos dos pardais
Vagabundos sem telhado.

Refrão
Ninhos são exemplos de ternura.
Ninhos, ninhos, ninhos,
São visões de encantamento.
Ninhos, ninhos,
Divinos berços
São relicários de altura
Onde dormem passarinhos
Embalados pelo vento.
Ninhos, ninhos, ninhos, ninhos.

Entre as fontes sussurrantes
Pelas balseiras em flor,
Luz e harmonia,
Asas novas hesitantes
Ensaiam canções de amor
Saudando o dia.
E à luz de oiro das tardinhas
Do azul de Portugal,
Hão-de voar andorinhas
Criadas no meu beiral.

Refrão

Letras de Revista - Fangueirinha

Letra de Mário Belo - 1976

(Ele)
Minha linda fangueirinha,
D’olhos verdes cor do mar,
Tens a graça d’andorinha
Nas voltar do teu dançar.
Quem me dera moreninha,
Poder-te um dia pescar!

Refrão
Olha a fangueirinha, que vai a correr,
Com a gamelinha seu peixe vender,
Cheia de canseira lançar seu pregão:
-Olha ó peixe vivinho do mar de Fão!

(Ela)
Já me lançaste a rede,
Já me armaste a cilada
Mas fugi à tua sede,
Qu’inda não foi saciada
Mas os diabos te levem,
Já estou apaixonada

Refrão

(Ele)
Nas ondas do teu cabelo
Quem me dera navegar
Não me atrevo, tenho medo,
Tenho medo de encalhar.
Numas ondas tão bonitas,
Quem me dera naufragar!

Refrão

(Ela)
Mas que pescador és tu
Que não lanças o teu isco
Ou ainda estás muito cru,
Ou não pescas nada disto
Não tenhas medo das ondas,
O risco vale o petisco

Refrão

(Ele)
Ai minha Nossa Senhora,
O que eu oiço é p´ra corar
Mas estes peixões de agora,
É que nos tentam pescar
Eu vou já de barra fora
Noutras águas navegar

Refrão

(Ela)
Não me digas que tens medo
Dos peixes do nosso mar
Não avanças já o ferro
Fica já neste lugar
Vais ver que mais tarde ou cedo
Vais acabar por gostar

Refrão

(Ele)
Quem poderá resistir
A uma tão linda sereia
Já é tarde pra fujir
Sinto-me preso na areia
Serei o teu Dom Quixote
(Ela)
E eu tua Dulcineia

Refrão