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Os espectáculos de revista foram e ainda são um importante evento cultural e um meio de expressão de artistas locais.
Esta tradição foi, segundo o que transmitiram, criada e cimentada devido à dedicação e trabalho de Ernestino Sacramento, meu avô paterno.
Ernestino Sacramento produzia estes espectáculos: ia a revistas ao Porto, principalmente ao teatro Sá da Bandeira, descobria novas canções e fados, escolhia os artistas fangueiros que os iriam interpretar, encomendava poemas a letristas fangueiros seus amigos, como o poeta Abel Vinhas dos Santos. Chegou a alugar guarda roupa de teatro no Porto para as suas revistas.
Também era ensaiador e fazia o papel de compadre (do francês "compére"). Este elemento está sempre em cena e efectua a ligação entre os diversos números. Também constitui um elo de ligação entre os actores e o público.
Tenho cópias em papel de panfletos das seguintes revistas:
20 de Agosto de 1933 - Revista "Prá Frente ..." em 2 Actos e 14 Quadros.
10 de Setembro de 1933 - Revista "Sem Fios" em 2 Actos e 15 Quadros.
Em 1933 Ernestino Sacramento tinha já 43 anos. Daqui se pode inferir que provavelmente estaria envolvido na produção destes espectáculos há pelo menos 20 anos i.e. desde 1910. Sei que organizava espectáculos num edifício, na rua da Pedra Alta, antes da existência do Salão Paroquial.
Este trabalho foi seguido pelo seu pupilo de então, José Ribeiro Maia que passou testemunho para o Armando Barbosa.
Aqui vão informações de revistas realizadas em Fão, retiradas de um interessante artigo de Artur L. Costa, no Falcão do Minho:
15 de Setembro de 1935 - Espectáculo levado à cena por banhistas e amigos de Fão a favor dos pobres.
26 de Agosto de 1939 - Espectáculo pró Bombeiros Voluntários, também promovido por banhistas e amigos de Fão.
12 de Dezembro de 1965 - Revista “Ora Chupa que s’ apaga” a favor do Clube de Futebol de Fão, organizada por Zé Maia.
2 de Julho e 1967 - Revista “Ofir também é Fão”, de José Ribeiro Maia, para as obras de restauro do Salão Paroquial.
18 de Dezembro de 1982 - “Recordar é Viver”, para matar saudades, mas de apoio ao Clube Fãozense, com a intervenção e organização de José Ribeiro Maia.
17 e 18 de Agosto de 1996 - Revista “Fão a Cantar”, no salão dos Bombeiros Voluntários, da responsabilidade da Cooperativa Cultural, repetida a 23 de Novembro, em Apúlia.
19 e 20 de Agosto de 1997 - Revista “Fão d’ Ontem, Fão Sempre...” da responsabilidade da Cooperativa Cultural.
2 de Fevereiro de 2008 - Revista "Toma lá mais esta" de homenagem a José Ribeiro Maia pelo GATA.
Com certeza que haverá mais algumas.
De qualquer modo tive o prazer de participar na revista de Dezembro de 1982 e neste blogue podem ler os poemas de todas as canções interpretadas nesse espectáculo.
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